Você se Lembra?

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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Apolônio Fona - Pioneiro da Fotografia em Santarém


“Sabe-se que Apolônio Fona Alves Pereira (1897-1938) foi o primeiro fotógrafo estabelecido
com estúdio fotográfico em Santarém-Pará, mas a sua obra tem estado à margem da história da cultura amazônica. De todo modo, os familiares continuam preiteando a sua memória, sendo que esses e algumas famílias santarenas retêm em seus álbuns fotos que identificam como dele, embora apenas umas poucas estejam assinadas manuscritamente ou com marca d’água. Segundo pesquisas até o momento realizadas, apenas duas referências bastante breves foram encontradas a seu respeito. Independentemente desse silêncio, Apolônio Fona foi um fotógrafo que primou pela contemporaneidade, tendo desenvolvido uma variedade de estilos.

Nascido em Santarém, numa família em que a arte era considerada uma prioridade [era irmão do pintor João Fona, do músico e compositor Raimundo Fona e do artesão Pedro Fona], Apolônio Fona interessou-se pela fotografia, mas também em outros ramos da arte. Formou família com uma cametaense – Maria de Nazareth da Costa [dona Nazá] – que conheceu em Belém e com ela teve sete filhos [Maria José ou Zizita, Zenaide, Wilson, Vilma, Renée, Norma e Íris]; à exceção da [Norma] falecida ainda na infância, todos os demais se dedicaram às artes e às letras. Como faleceu – também em Santarém – muito jovem, não conseguiu fazer escola, nem mesmo entre os filhos, embora estes tenham se dedicado à fotografia.Após sua morte, a esposa, a primogênita e um filho de criação [o Duca] mantiveram o estúdio, mas logo enfrentaram dificuldades quanto ao acesso a matérias-primas devido à segunda guerra mundial, tendo o mesmo sido vendido.

No que diz respeito à formação, ele se familiarizou com a arte fotográfica a partir dos navios que aportavam em Santarém, pois tripulantes e viajantes portavam câmeras, o que aguçou a sua criatividade, tendo de um deles adquirido a sua primeira câmera. Nesses navios, ele também entrou em contato com os ‘bordados chineses em madeira’, a base para a produção de peças como cantoneiras, aparadores, molduras, etc. Inclusive, para realizar esse trabalho, ele inventou ‘uma máquina de bordar madeira’. Consta, também, que ele aperfeiçoou o ‘rascunho de cuia de Alenquer’, um estilo de decoração que veio caracterizar essa produção santarena. Mas foi na fotografia que ele concretizou seus sonhos de artista, tendo investido energia, tempo e recursos econômicos.

De posse dos rudimentos da técnica que a fotografia exigia, Fona tomou a decisão de ir a Belém para aperfeiçoar-se, e o fez na Foto Fidanza. Este estabelecimento fotográfico foi, segundo experts sobre a fotografia paraense (C. La Rocque Leal, O. Maneschy), o mais renomado nas primeiras décadas do século XX. Aliás, com a instalação dessa Foto anos antes, mais e mais famílias acorriam aos serviços prestados por esse estabelecimento, mais reportagens fotográficas eram solicitadas, o que permitiu a produção fotográfica em outros ambientes.

Fona foi contemporâneo de um mundo em que a fotografia se popularizava, embora ainda produzida dominantemente nos ambientes dos estúdios fotográficos. As influências de seu tempo e das artes em sua obra serão oportunamente analisadas, mas por certo que Fona esteve à frente no contexto da fotografia paraense.

Mas em resumo, Fona produziu autorretratos, retratos de família, inclusive da sua, fotos de eventos, de modelos ou musas, de instituições e de paisagens, brincou com os negativos, ou seja, os manipulou e fez montagens. Ele também usou a cor para ressaltar aspectos de algumas fotos e produziu cenários especiais para outras. Parte de sua produção localizada encontra-se em perfeito estado de conservação, sendo que algumas, como já dito, são assinadas, quer à mão, quer com marca d’água, e essa assinatura aparece no detalhe da foto que ilustra este artigo. Uma delas foi produzida ao estilo de cartão postal. Na lembrança de uma das filhas, os negativos se perderam, pois os vira quebrados ou acumulados no quintal, mas, de todo modo, a pesquisa continua no sentido de localizar alguns que possivelmente tenham sido preservados.

Fona privilegiou a família, era vaidoso e apreciava o melhor, foi sorteado em uma loteria com recurso de monta e foi sempre bem humorado. A respeito, conta-se em Santarém que ele pendurava de cabeça para baixo, no estúdio, fotos de pessoas que não retiravam e/ou ficavam a dever-lhe o trabalho. Um santareno lembrou das gentilezas de Fona, quando seu pai o levava ao estúdio para ser fotografado. E o preparava para o clic, mas antes de dispará-lo pediu licença e retornou com um belo cavalinho que colocara em seus braços e que passara a integrar a foto, que, lamentavelmente, como tantas outras, perdera-se no tempo.

Fonte: Lígia Simonian.

5 comentários:

  1. Linda matéria sobre meu querido avô, que infelizmente não cheguei a conhece-lo!!! bjs.

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  2. Meu avô era lindo!Minha mãe contou que antes de partir em viagem,meparece a última, ele disse para minha avó:Nazá me prepara um café forte e amargo e ela também quis um "café como do papai".Lindo!(Maria Olinda)

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  3. alguém tem o contato da família do senhor Apolônio Fona ?

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  4. Sou seu neto, Wilson Fonna, se alguém tiver algum registro fotográfico de meu avo , mande-me porfavor. Uma observação no texto. Faltou mencionar outro irmão , Tio José Fona que morava em MG. Era saxofonista do exercito primeiro-tenente.

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  5. Bela reportagem é minha neta fotógrafa herdou o dom da família

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