O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo abriga e conserva um dos maiores acervos de arqueologia amazônica do país, formado por três coleções principais: a Coleção Harald Shultz, constituída a partir dos anos 50; a Coleção Tapajônica, adquirida na década de 1970 de Ubirajara Bentes, um colecionador da cidade de Santarém no Pará; e a Coleção Banco Santos, sob a guarda do MAE USP desde 2005, por decisão judicial. Entre estes objetos produzidos por antigos habitantes da Amazônia, sobressaem duas culturas distintas, pela refinada arte expressa nas cerâmicas que elaboraram: uma encontrada na região de Santarém, outra na Ilha do Marajó. São peças cujas formas e imagens remetem ao universo próprio de cada cultura, em representações que comunicam algo de seus antigos mitos e ritos, hábitos e valores destas sociedades do passado.
Peça da Coleção Tapajônica de Ubirajara Bentes |
Em 2013, motivada pela idéia de revisitar no presente os lugares de origem dos objetos destas duas culturas para produzir um documentário, e apoiada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP, a equipe constituída por Silvio Luiz Cordeiro (arqueólogo e documentarista), Carla Gibertoni Carneiro e Cristina Demartini (ambas arqueólogas), Wagner Souza e Silva (fotógrafo) e Luiz Bargmann (documentarista) viajou ao Pará durante o inverno e o verão no Baixo Amazonas, por paisagens de Belém, Icoaraci, Cachoeira do Arari, Monte Alegre, Santarém e Óbidos. Nestas viagens, a equipe gravou sons e imagens dos lugares, como sítios arqueológicos urbanos, e sítios mais distantes, a exemplo das pinturas rupestres encontradas na Serra do Ererê, em Monte Alegre. Mas também documentou a impressionante reserva técnica do Museu Paraense Emilio Goeldi, em Belém; as peças expostas no Museu do Marajó, reunidas pelo jesuíta Giovanni Gallo; a coleção arqueológica e histórica do Museu Integrado de Óbidos; e ainda uma pequena coleção de peças tapajônicas, formada por uma família de Santarém.
Contudo, a parte mais significativa deste acervo audiovisual e fotográfico gerado pela equipe durante as viagens é aquela constituída por relatos de pessoas que, por diversos motivos, mantêm alguma relação com lugares e objetos do universo arqueológico da Amazônia, atribuindo hoje sentidos e valores a eles. O conjunto de imagens gerado nesta produção audiovisual inédita pode ser visto como um documento do processo de construção de narrativas sobre acervos de arqueologia amazônica. De certa forma, o documentário traduz a redescoberta de paisagens culturais em que foram encontrados estes antigos objetos.
Paisagens habitadas desde um passado remoto, ainda pouco conhecidas do grande público, parte de uma região intensamente transformada no tempo, sobretudo neste em que vivemos.
Os integrantes da equipe do documentário projetaram uma exposição fotográfica, com imagens realizadas durante as viagens a produção audiovisual, antecedendo assim o lançamento de Antiga Amazônia Presente, longa-metragem dirigido por Silvio Luiz Cordeiro, em sessão especial, dia 25 de junho de 2015, no Museu da Imagem e do Som. A expografia elaborada pela equipe contou na montagem com a colaboração de Viviane Wermelinger Guimarães e Renato Coelho Gomes (ambos do MAE USP), sendo a edição de fotografias realizada pelo próprio fotógrafo da equipe, Wagner Souza e Silva (docente do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA USP). A exposição estará aberta ao público especialmente apenas no dia do lançamento, entre 18:00 e 22:00.
Lançamento do documentário
Antiga Amazônia Presente
Direção: Silvio Luiz Cordeiro
115 minutos
www.amazoniantiga.tv.br
Data: 25.06.2015
Horário: quinta, às 18:00 (expo) e 19:30 (documentário)
Local: Auditório M I S (172 lugares) | Ingresso: Gratuito
( retirada de senha com 1 hora de antecedência na recepção do museu )
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