Vejam que foto legal. O único prédio que não
existe mais, é o que ficava ao lado do sobrado em frente ao Bar Mascote,
que servia de residência ao Sr. Manoel Loureiro, pai do Raul,
proprietário do prédio do antigo cinema Olímpia na praça da Matriz,
os outros todos ainda estão de pé até hoje. O rio, quando cheio
encostava na Rua Lameira Bittencourt, cujo guarda corpo, servia de
divisória entre o rio e a rua, e de proteção aos pedestres.
Ao
fundo, por traz da popa do barco, vê-se uma mangueira, que ficava bem em
frente a Casa Feliz, logo ao lado do fim do terrasse do Bar Mascote.
Pois bem, nesse trecho, existiam duas mangueiras, essa da foto e outra
que ficava em frente ao sobrado que servia de residência a família
Mileo. Esta, era mais frondosa do que a do Bar Mascote, e tirava a vista
do sobrado dos Mileos para o rio. Esquecendo-se que era desafeto do
General Barata, que foi interventor do Para, nomeado pela ditadura de
Getúlio Vargas e, nessa época, já governador constitucionalmente
eleito, mas sem perder o espirito de interventor, o seu Mileo, mandou
derrubar a mangueira para que abrisse ao seu sobrado a bela vista dos
rios Tapajós e Amazonas disputando o carinho da nossa bela Santarém,
muito bem cantado em "Terra querida", não sei se por seu Isoca ou seu
irmão Vilmar. Me corrijam os Fonsecas por favor.
Isso foi o
suficiente, para que viesse uma ordem de Belém, para prender o seu
Mileo, o que foi feito pelo então delegado chamado Piruncí, que além de
prende-lo, aplicou-lhe uma duzia de bolos com uma palmatória,
humilhando-o na frente dos populares que sempre estão presentes nessas
ocasiões.
Por causa desse episódio, um dos seus filhos, o saudoso
Russo Mileo, fez uma promessa, que deixaria a barba crescer, e só
tiraria quando o Barata deixasse o poder. Foi acompanhado nessa
empreitada pelo Correa, pai do Flávio que foi motorista do DER, e era
motorista de táxi na época, e também não engolia o Barata.
Passaram-se os anos e os dois cumpriram a promessa e só tiraram a barba,
quando o General Barata, perdeu a eleição para o General Alexandre
Zacarias de Assunção, candidato da oposição. Na campanha do General
Assunção, cantavam nos comícios uma música que dizia: " Oi gente que
bicho é esse, é Barata, pega na chinela e mata"
Logo após a vitória,
colocaram duas cadeiras de barbeiro em frente da loja da segunda foto
onde se anuncia a Casa Nassar, e ali, acompanhado de um grande público,
música e animação, as barbas do Russo e do Correa foram raspadas pelo
Alberto Barbeiro, e pelo Noronha, que além de barbeiro, era ponta
direita do São Raimundo. Credo!
Quando a Alemanha perdeu a guerra,
meu pai, por ser alemão, foi preso junto com todos os Alemães e
Japoneses que viviam no Estado do Pará e transferidos para um campo de
concentração, na cidade de Tome-Açú. Minha mãe, minha irmã Anne e eu o
acompanhamos nessa jornada.
Passados os efeitos da guerra o General
Barata, que nessa época era interventor, foi quem liberou os alemães e
japoneses de Tome-Açú. Por essa razão, meu pai tornou-se, até o fim da
vida em um fiel Baratista, e por isso, não gostou nada do tira barba do
Russo e do Correa, principalmente por ter sido bem ao lado do BAR
MASCOTE.
A única fonte dessas histórias que eu ando narrando por
aqui, é única e exclusivamente minha memória, por essa razão, peço
desculpas se cometo algum erro.
Texto: Carlos Meschede
Digno de um roteiro de filme, daria no mínimo uma peça de teatro.
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