O fato se deu por conta do seguinte: o intendente municipal, temendo a devastação ambiental ocasionada pela extração de madeira que servia de lenha para as caldeiras da usina, instituiu um imposto sobre o metro cúbico de lenha no valor de 500 réis extraídas das matas do patrimônio municipal.
O resultado foi o imediato: repasse do imposto ao preço do feixe de lenha que era vendido na cidade na média de 7$500 (sete mil e quinhentos réis). Acontece que a empresa da “luz” só queria pagar 4$000 (quatro mil réis) no metro público. Como os lenhadores se sentiam lesados em seu trabalho e não baixaram os preços, a empresa cortou a energia da cidade e acusou que a causa seria o referido imposto sobre a lenha.
No jornal “A Cidade” do dia 17 de setembro, após três dias sem energia elétrica, a empresa foi desmentida em suas desculpas e desmascarada pelo seguinte editorial:
“Eis como se explica a atitude dos
homens da luz, que, comprando uma questão alheia, quiseram ser mais
realistas que o rei. Sim, porque o imposto em apreço é taxativo sobre os
lenhadores e não sobre a empresa que, – não nos consta, – não tem gente
assalariada para esse mister. E assim sendo o seu protesto nada vale,
como o não valeria mesmo em tendo ela o serviço de extração por sua
conta.
O sr. coronel intendente mantém e manterá seu ato, aliás com o qual estão de pleno acordo os lenhadores.
A teimosia, pois, é da empresa e esta é a única responsável pelo não fornecimento de luz à população”.
Os tempos, quase cem anos depois, são outros, mas os problemas parecem ser ainda bastante semelhantes…”
Texto: Sidney Canto
Fonte: http://www.jesocarneiro.com.br/
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