Em 1901, o cidadão português recém-chegado a Santarém José
Bernardo Pereira tomou por arrendamento o sítio “Boa Esperança”, localizados
nos subúrbios ao sul da cidade e de propriedades de Carmelino Rodrigues dos Santos,
pai do escritor destas linhas. Ali pretendia construir uma fábrica de pólvora
utilizando a força hidráulica do igarapé Irurá, que cortava o referido terreno.
Efetuado o contrato a 26 de setembro de 1901, meteu logo mãos à obra e dentro
de alguns meses estava a Fábrica de Pólvora FORTALEZA em pleno funcionamento,
cujo produto de excelente qualidade entrou vitoriosamente no comércio, ao ponto
de, poucos anos depois, constituir-se em sério concorrente, sobretudo na
Amazônia, à conhecida pólvora ELEFANTE, de poderosa empresa pernambucana, que
então dominava na região.
Abriu-se, então, uma guerra de ELEFANTE contra a FORTALEZA,
a qual era óbvio, não pode resistir a desigual competição e teve de entregar os
pontos, inclusive, segundo se propalava na época, sob a pressão de elementos
locais influentes na política...
Nesse ínterim o chefe da FORTALEZA, José Bernardo Pereira,
foi assassinado a tiro de rifle, (1906) quando almoçava em sua própria casa à
rua Benjamim Constante em Santarém, sendo o criminoso um ex-empregado da firma.
A empresa pernambucana adquiriu o acervo de sua rival e,
quando os ingênuos mocorongos esperavam novos aumentos de incentivos para sua
pólvora os mauricianos mandaram demolir a aparelhagem hidráulica, retiraram
algum material que lhes servia, despediram os operários e entregaram o terreno
ao proprietário!...
Anos depois, o industrial santarense Raimundo de Andrade
Figueira, aproveitando alguns operários habilitados estabeleceu outra fábrica
no mesmo local com o sugestivo nome de pólvora LEÃO, talvez com a pretensão de
competir com a ELEFANTE.
A LEÃO durou alguns anos bem difíceis. O seu produto, por
falta de técnico especializado, era de inferior qualidade, Dave muita fumaça e
resíduos. E a fábrica encerrou suas atividades.
E assim morreu uma indústria da qual muito esperavam os
santarenos.
Fonte: Livro Tupaiulândia
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