Você se Lembra?
sábado, 15 de novembro de 2014
Vista aérea de Santarém, 1953
Santarém sempre foi uma cidade bonita pela própria natureza, mas em 1933 já se fazia necessário também melhorar a perspectiva da edificação da cidade, “especialmente em sua parte litorânea”. Essa falta foi observada pessoalmente pelo interventor federal, Magalhães barata, quando em visita à capital do baixo-amazonas. Barata cobrou providências do prefeito, a quem nomeara, sem eleição.
Por isso, Ildefonso Almeida baixou um decreto, em 1º de novembro, estabelecendo prazos de 60 a 90 dias para que os proprietários de casas, prédios e edificações situados nas ruas João Pessoa e Siqueira Campos, avenida Adriano Pimentel e nas praças Monsenhor José Gregório e Barão de Santarém substituíssem as calhas de suas propriedades por platibandas, “de acordo com as plantas que forem aprovadas pela Prefeitura”.
A platibanda é uma mureta construída no alto da fachada para proteger ou camuflar o telhado, com efeito estético. E prático também, porque impede a água de cair diretamente do alto sobre o chão, atingindo passeantes, ao forçar a canalização a partir do teto.
O remodelamento foi imposto de forma drástica e sem a possibilidade de questionamentos também aos proprietários de serrarias, usinas de beneficiamento e estabelecimentos de construção situados desde a parte do trapiche até o bairro da Prainha. Eles tiveram apenas um prazo maior para providenciarem a mudança, de 120 dias.
Já os donos da usina de beneficiamento de arroz e algodão situada na Praça Rodrigues dos Santos teriam 180 dias para reformar esse prédio, “substituindo os barracões existentes por armazéns de material e em colocação paralela ao rio Tapajós”.
O quinto e último artigo do decreto era ainda mais draconiano: se os proprietários não cumprissem as ordens dadas, a prefeitura “se reserva o direito de mandar executar o serviço que se fizer mister, por conta do transgressor, de quem serão cobradas judicialmente as despesas decorrentes da construção ou mudança que se operar”. E ponto final.
Texto: Memória de Santarém - Lúcio Flávio Pinto
Colaboração: Fragmentos de Belém
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